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13.10.20

Jordan e o Basquete Zen

Neste vídeo vamos tentar explicar o que é exatamente estar "in the zone", um termo usado para quando grandes atletas e esportistas em geral "jogam no automático", como se estivessem em transe. Como exemplo, trazemos o primeiro jogo das finais da NBA (Liga de Basquete dos EUA) em 1992, quando Michael Jordan, o maior jogador de basquete da história, simplesmente "não conseguia errar". Ao final, uma reflexão sobre o arremesso da bola como metáfora para a vida.

Se gostaram, não esqueçam de curtir, compartilhar e se inscrever no canal!


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8.10.20

Papo de Quinta (no Instagram)

Recentemente meu amigo Igor Teo (psicólogo, filósofo, escritor e taoista) me convidou para participar de uma Live ao vivo no seu canal no Instagram. A princípio a gente mal sabia do que iria se tratar nosso bate-papo, não tínhamos sequer um título para a coisa. Mas no finalizinho da primeira Live já surgiu o nome: Papo de Quinta. No Papo de Quinta a gente fala sobre filosofia, espiritualidade, ciência, política, redes sociais, escrita e mercado editorial, dentre outros assuntos.

Assim, para quem tiver interesse em acompanhar, recomendo que sigam nossos canais no Instagram (@rarrais e @cuide.si) para ficarem sabendo com antecedência do horário da próxima Live. Hoje não teve, mas quinta que vem deve ter... Abaixo, trago os dois primeiros episódios:

1.10.20

Traduzindo Orwell: 1984

No primeiro dia de 2021 entra em domínio público em todo o planeta (exceto os EUA) toda a obra de Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo seu célebre pseudônimo: George Orwell.

Orwell foi um peso pesado da literatura do século XX, e duas de suas obras são best-sellers praticamente eternos: 1984 e A Revolução dos Bichos. Desde o início de Maio deste ano eu tenho me dedicado a traduzir ambas. A última, uma tradução consideravelmente mais curta, foi finalizada há algumas semanas, e recentemente eu finalmente dei início à tradução da primeira.

Sim, é isso mesmo: neste momento eu, Rafael Arrais, estou no início da tradução de 1984. É importante deixar isso divulgado aqui, pois tenho certeza de que não serei o único a publicar traduções de Orwell ano que vem, seja na Amazon ou nas outras plataformas de autopublicação.

Se tudo correr bem, as Edições Textos para Reflexão iniciarão o ano que vem em grande estilo, com lançamentos das traduções das obras já citadas em versão digital e impressa [1]; além de, pela primeira vez na história da editora, estarmos preparando um lançamento na própria língua inglesa. Quem viver verá!

Na sequência, trago um trecho da minha tradução de 1984:


Parte 1, Capítulo 1

[...] Winston despertou de seus devaneios e se acomodou melhor na cadeira. Soltou um arroto. Era o gim em seu estômago começando a subir.
Seus olhos voltaram a focar a página. Constatou que durante o tempo em que esteve ali sentado em devaneios, sentindo-se só e desamparado, havia continuado a escrever, numa espécie de ação automática. E já não era mais a letra pequenina e desajeitada de antes. A sua pena havia deslizado como uma libertina através do papel macio, escrevendo em letras grandes e nítidas:

ABAIXO O GRANDE IRMÃO
ABAIXO O GRANDE IRMÃO
ABAIXO O GRANDE IRMÃO
ABAIXO O GRANDE IRMÃO
ABAIXO O GRANDE IRMÃO

Muitas vezes. Elas preenchiam a metade de uma página.
Ele não conseguiu deixar de sentir uma pontada de pânico. Era absurdo, já que ter escrito aquelas palavras não era nada mais perigoso do que o próprio ato de iniciar um diário; mesmo assim, por um momento, teve a tentação de rasgar as páginas já escritas e abandonar por completo aquela ideia toda.
Não o fez, porém, porque sabia ser algo inútil. Quer tivesse ou não tivesse escrito ABAIXO O GRANDE IRMÃO, era algo inteiramente irrelevante. Não fazia a menor diferença prosseguir ou não com aquele diário. A Polícia do Pensamento o descobriria de um jeito ou de outro. Ele havia cometido – ainda que não tivesse escrito nada no papel – o crime essencial, que englobava todos os demais dentro de si. Era chamado de pensamento-crime. O pensamento-crime não era algo que pudesse ser ocultado indefinidamente. Seria possível escondê-lo durante algum tempo, às vezes por anos a fio, no entanto mais cedo ou mais tarde o criminoso sempre era pego.
E era sempre à noite – as prisões invariavelmente ocorriam à noite. A interrupção súbita do sono, a mão bruta sacudindo o ombro, as luzes cegando os olhos, o círculo de rostos impiedosos em torno da cama. Na grande maioria dos casos não havia julgamento, nem mesmo o registro da prisão. As pessoas simplesmente desapareciam, sempre durante a noite. Seus nomes eram removidos dos registros, todas as menções a qualquer coisa que tivessem realizado eram apagadas, suas existências anteriores eram negadas e logo mais totalmente esquecidas. Você era abolido, aniquilado: VAPORIZADO era o termo corriqueiro.
Por um momento, Winston foi tomado por um ataque de histeria. Assim, foi logo escrevendo, em garranchos apressados:

me darão um tiro que isso me importa me darão um tiro na nuca não me importa abaixo o grande irmão eles sempre atiram na nuca não me importa abaixo o grande irmão...

Ele se recostou outra vez na cadeira, ligeiramente envergonhado de si mesmo, e largou a pena. Logo em seguida levou um susto imenso. Batiam na sua porta.
Já?! Ele permaneceu sentado, imóvel como um rato, esperando que a pessoa fosse embora sem insistir. Mas não, bateram outra vez. Seria ainda pior se atrasar para atender. Com seu coração batendo tal qual um tambor – mas com o rosto provavelmente sem expressão alguma, fruto do velho hábito – ele se levantou e se dirigiu à porta, pé ante pé.

(tradução de Rafael Arrais)


***

[1] Infelizmente será praticamente impossível finalizar a longa e desafiadora tradução de 1984 até o início de 2021, mas espero publicá-la até a metade do ano, possivelmente ainda no primeiro trimestre. Já a minha tradução de A Revolução dos Bichos será lançada logo no início de 2021.

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