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10.5.22

Raph fala sobre Dogma e Ritual da Alta Magia no Bate-papo Mayhem

Fui convidado mais uma vez para falar no Bate-papo Mayhem, desta vez sobre minha edição digital de Dogma e Ritual da Alta Magia, de Éliphas Lévi. Ao longo do programa, eu e os demais integrantes falamos sobre nossa experiência de leitura deste marco da magia cerimonial. Assista abaixo:

» Você encontra minha edição digital de Dogma e Ritual da Alta Magia aqui


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3.5.22

Para falar com anjos

O texto abaixo prefaciou o livro O Arbatel da Magia: A magia dos antigos, de Robson Bélli, disponível na Amazon em e-book.


Tanto o provável autor desta obra quanto o seu tradutor têm muito mais experiência com o mar profundo da magia. Eu, enquanto criança que brinca nos bancos de areia da beirada, posso tão somente servir de apresentador. Quiçá possa escrever, naquelas placas que alertam sobre o mar revolto:

CUIDADO. Não mergulhe sem temor a Deus.

“Temor a Deus” é um termo que vem sendo mal compreendido há tempos. Assim como o surfista de ondas gigantes não deixa de ter medo enquanto desliza por edifícios de água, o temor a Deus não significa medo paralisante, pânico, mas antes uma compreensão de que estamos lidando com coisas grandiosas, coisas antigas, coisas que estão na própria estrutura da realidade. Em suma, é antes uma sensação de respeito e reverência, quem sabe uma intranquilidade ante algo que vai além da nossa compreensão, do que o medo puro e simples, que nos impede sequer de molhar os calcanhares na beirinha.

O que quero dizer é que, no campo da magia, estar face a face com Deus ou seus emissários diretos, os anjos, equivale ao mergulho em águas profundas. Ninguém deveria ir até o fundo despreparado, tampouco por motivo fútil. Ninguém deveria esperar estar frente a frente com seres ancestrais com um pedido infantil nos lábios: “Quero meu amor de volta. Quero um carro zero. Quero poderes mágicos”. Que se peça ao menos a cura de algum mal: de preferência, do mal da ignorância.

Segundo o ocultista britânico Arthur Edward Waite, o autor do Arbatel de magia veterum alega ter aprendido magia diretamente de um anjo, e o nome deste anjo seria justamente Arbatel, ou Arbotel. Mas ainda que um anjo marinho emergisse das profundezas e nos deixasse um grimório como guia para o mergulho em águas profundas, somente a sua leitura não nos levaria muito longe. Seria preciso mergulhar, seria preciso praticar. O que posso fazer, portanto, é tentar tornar tal mergulho menos apavorante aos nadadores iniciantes:

Primeiro, não existe canto do cosmos em que você possa estar realmente distante ou “fora” de Deus. Seja no conforto de sua barraca suntuosa na praia, seja nas brincadeiras no raso, seja nas jornadas ao fundo, lá também estará Aquele Que É.

Segundo, em todo caso você já está, sempre esteve e estará sobre o efeito das forças divinas. Sejam anjos ou demônios, espíritos ou entidades. Afinal, eles são como a gravidade: ela não passou a existir somente porque algum cientista observou uma maçã caindo da árvore, ela sempre esteve lá, e nós tão somente tomamos consciência dela, e tentamos descrevê-la de forma racional.

Terceiro, tudo o que se faz com a mente e a imaginação humana é magia. Alguns já a chamaram de arte, de prática religiosa, até mesmo de ciência, mas no fundo tudo isso que imaginamos sempre foi magia.

Então, se você realmente deseja falar com anjos, se em seu coração arde a saudade do contato direto com o centro da realidade, saiba que aquilo que busca também já está lhe buscando – mas não pense que não vai precisar dos melhores guias na aventura que se segue: o Arbatel é um deles.


Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. (1 Coríntios 13:1)


Rafael Arrais

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Crédito da imagem: Cristian Palmer/unsplash

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