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28.1.08

3 Poemas

Amor sem Fim

Eu pareço ter amado você em inúmeras formas, inúmeras vezes,
Em vida após vida, idade após idade, sempre.
Meu coração enfeitiçado fez e refez o colar de canções
Que você aceita como presente, usa à volta do pescoço em suas muitas formas
Em vida após vida, idade após idade, sempre.

Quando eu escuto crônicas antigas de amor, é sofrimento amadurecido,
É o conto ancestral de se estar junto ou separado,
Assim que eu encaro mais e mais fundo o passado, no final você emerge
Envolto na luz de uma estrela-cadente cortando a escuridão do tempo:
Você se torna uma imagem do que é lembrado para sempre.

Eu e você temos flutuado aqui no córrego que flui da fonte
No coração do tempo do amor de um pelo outro.
Nós temos brincado ao lado de milhões de amantes, partilhado a mesma
Doce timidez do encontro, as mesmas dolorosas lágrimas de despedida -
Amor antigo, mas em formas que se renovam e renovam, sempre.

Hoje ele está guardado à seus pés, ele achou o seu fim em você,
O amor de todos os dias dos homens, tanto passados quanto eternos:
Alegria universal, tristeza universal, vida universal,
As memórias de todos os amores mesclando-se com esse nosso amor único -
E as canções de cada poeta, tanto passados quanto eternos.

-- Rabindranath Tagore (traduzido do inglês por Rafael Arrais)

A Oração ao Deus Desconhecido

Antes de prosseguir em meu caminho
e lançar o meu olhar para frente uma vez mais,
elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração,
tenho dedicado altares festivos para que, em
Cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
“Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante,
quero Te conhecer, quero servir só a Ti.

-- Friedrich Nietzche (traduzido do alemão por Leonardo Boff, no livro Tempo de Transcendência)

O pequeno rochedo

O que Deus faz? O que fazia?
Há quem acredite que Ele intercede em cada dia
Realizando milagres ou punindo pecadores...
Há quem diga que Ele não existe
Pois nunca O viram, nunca O sentiram...

Ora, talvez Deus tenha estado todo esse tempo
Sentado no mesmo pequeno rochedo
Do qual criou todos os universos
E todos os mundos

Talvez, tenha ficado de tal maneira extasiado
Com a beleza de Sua própria criação
Que até hoje Nos observa na mesma posição
Sentado no mesmo pequeno rochedo
Onde fica a eternidade

Ali, onde o tempo não é indefinido
Mas antes, onde o tempo simplesmente não existe,
Ele nos ama...
Com o mesmo amor que criou o tudo...

E quem sente esse amor, acha que Ele intercede
E quem não sente, acha que Ele não existe
E finalmente, quem procura viver nesse amor
Sabe que mesmo não intercedendo, Ele se movimenta
E, mesmo não existindo dentro do tempo,
Ele existe na eternidade

-- Rafael Arrais (2008)

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24.1.08

Fé e Razão

Retirado da comunidade Fé e Razão, do Orkut.

***

fantasma
defina FE.
e defina Razao.

Flavio
Fé= pensamento magico
baseado no abstrato no empirico, na esperança, na incerteza ...
razão= pensamento racional
baseado no concreto, nos sentidos fisicos, na "certeza"

fantasma
penso ,que vivemos
na sub-razao , o por ela exclui possibilidades.
quanto que razao, no total esta aberta ao campo das possibilidades.
Razao tem que se agregar a Fe.
pois o racional, sem esperança e Fe, e limitado.
veja as grandes invençoes, tiveram um pitada de fantastico e de superaçao, da visao simples e comum, alias algumas eram tidas como loucura .
tipo o homem voar, ( tivesemos ficado so na razao , sera que estariamos voando?)

Mahtma
fé- a realidade, o absoluto, a certeza, o imutável....esperança, e é sempre a última a morrer
razão = relativa demais..pra me ser considerada....mas mesmo sendo relativa é fantástica, é linda, produz coisas incriveis, apesar de passageiras mais incriveis

Manuel
fé=razão.
eu consigo explicar deus racionalmente.
eu tenho duvidas que,
a razão de um ser menor como o homem,
seja alguma vez razoável.

Felipe
Fé = É a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.
Razão = Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrificio vivo, santo e agradavel a Deus, que é o vosso culto racional.
Logo a fé e a razão estão ligadas pois para por a fé em pratica é necessario utilizar a razão, pois ainda que a fé sustente fatos que não se vêem porém temos de uzar coerencia e inteligencia.
Assim como a ciencia afirma o Big Bang, sem ter visto e sem ter provas reais para 100% da teoria à uma razão nesta fé cientifica.
Em suma a ciencia e a fé são uma coisa só acontece que uma busca a fé pela a razão e a outra o contrario... Mas fé e razão são unicas pois estão em Deus que é um...
GRAÇA E PAZ!!!!!!!!!!!!!

Raph (esse sou eu)
temos duas lentes para ver a verdade, uma é a fé e outra a razão, e só podemos ver com clareza com ambas as lentes sobrepostas... com apenas uma delas, veremos sempre apenas "metade" da verdade.
hoje vemos em parte, mas então veremos face a face.

macau
Raph,
" que "tradição doutrinária"?
eu não sou católico nem evangélico...
"
Pois é... e daí? Sendo espírita, vc tbm segue a 'tradição doutrinária'... de Kardec!
Tanto pior a meu ver (ñ encare como ofensa, pois minha mãe era e minha irmã é espírita), porq a 'teoria tradicional doutrinária' da reencarnação é um acinte ao sacrifício e morte de Jesus!
Claro, se eu 'apronto'-morro-reencarno e 'apronto'-morro-reencarno e 'apronto'-morro-reencarno... até a perfeição... ... ...Jesus foi um idiota, pois posso me salvar por mim mesma, morrendo e reencarnando, morrendo e reencarnando, morrendo e reencarnando!!!

Hennet
Se não existe pecado, pra quê se aperfeiçoar?
Ô se fosse assim seria tão bom!!!!!

Raph
Diga isso para quem aprontou tanto que reencarnou em estado vegetal, cego, sudo, mudo e sem praticamente movimento no corpo.
A perfeição se chega muito mais rápido pelo amor do que pela dor. O caminho da dor é a última instância dos ignorantes, e ao passar por ele um dia todos finalmente descobrem que o único Diabo que existe está dentro de nós mesmos.
Eu não sigo doutrinas, se perguntam qual a minha religião eu respondo:
Minha religião é meu pensamento.

Guilherme
Se não segue, porque justifica a doutrina induísta de reencarnação?
Aliás, se seu pensamento é sua religião, mostre uma argumentação racional - que não seja essencialmente metafísica - favorável à reencarnação.
Digo isso porque é fácil falar que não tem religião ou que a religião pode ser o pensamento. Isso tem servido de defesa à muita gente que se julga cético e, temendo confrontar o próprio ceticismo, aliena-se no próprio dogmatismo.
Você está mais para um espírita do que para um racionalista.

Raph
eu não nego que concordo com muita coisa no espiritismo, sem dúvida se eu tivesse que escolher uma religião atualmente seria ela, e é exatamente porisso que eu defendo o espiritismo, não tenho "medo" de me comprometer por conta disso ou coisa assim...
dentre outras coisas, devido a eu acreditar REALMENTE em reencarnação, não acredito em muitas coisas como:
nacionalidade
casamento
idade
salvação (com relação a pecados)
céu/inferno
etc... enfim, muita coisa restrita a apenas essa vida eu não acredito, apenas finjo acreditar :)
ocorre que minha religião real ainda é meu pensamento, não no sentido da racionalidade, mas em um muito mais profundo, entenda quem entender:
minha religião é meu pensamento
minha vida é minha bíblia
minha igreja é meu coração
Deus é meu amor

Lady Overkill
Parabéns, Raph.
Hoje vc estava inspirado...
Se não tem razão perfeita em tudo (quem tem?), está no caminho de descobrir a verdade. Acredita que o amor é a lei, procura ter olhos para ver, não crê apenas no homem (que escreveu a Bíblia) mas em si mesmo e nas coisas que sente e percebe. A Bíblia, inclusive, ratifica essa forma de visão, assim como todas as filosofias sensatas do mundo.

Veja o tópico aqui

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17.1.08

Eu aqui

A música lá e eu aqui.
As estações me passaram a muito.
As pedras, os fungos e outros seres.
As plantas e os insetos.
Os animais, até mesmo o homem.
Tudo passou...
E eu fiquei aqui nesse silêncio.
Afinal para onde eu vou?

A música lá e eu aqui.
Todos do outro lado da cerca.
Brincando, vivendo.
Enquanto eu fico aqui adoecendo.
Cercado de seres desprezíveis.
Nunca houve luz para mim.
E aqui nesse lugar, ela só mesmo chega
pelas asas do serafim.

Venha comigo, ele me diz.
Não há castigo.
Todo ser é um aprendiz.
Tu já erraste bastante.
Não há sentido
em ser tão arrogante.
Venha, aceite minha ajuda,
peque minha mão...
Vamos retornar enfim.
Ouvir uma vez mais a canção,
a música tão querida.

Não! Vá embora...
Deixe-me com minha vergonha.
Eu quis ter poder.
Achei que o mal iria vencer.
Tanto caos e sofrimento.
Como eu poderia acreditar na luz?
O mal teria de vencer...
Teria, como não?
Ao menos, é claro,
que o mal fosse aliado da canção...

A música lá e eu aqui.
Fui enganado, ludibriado.
O mais medíocre dos seres veio a mim.
Me disse de sua guerra.
Convenceu-me que o mundo
não tinha salvação.
Fez o que sempre fez.
Eu fui o iludido da vez.

Agora eu sei, serafim.
Não há guerra não.
E tudo, tudo mesmo,
segue a sublime canção.
Ainda não posso ouvi-la...
Estou surdo, doente.
Mas aguarde-me meu caro.
Eu não pedi para ser assim,
e mesmo eu posso escapar.
Não custa esperar.
Pois aposto que lá no fim,
mesmo eu,
mesmo eu estarei lá.

(Do outro lado da cerca.
Onde há música...)

raph'99

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11.1.08

Saudades

Saudades
Do roçar das sandálias
Ao solo lamacento
Do jeito de caminhar
E a maneira de ensinar
Nos dando alento

Saudades
Do olhar distinto
Que nos dissecava
Via em nossa consciência
Quem se julgava alguém
E quem alguém amava

Saudades
Da determinação
A palavra doce
O gesto firme
E os lábios proféticos
Apontando a direção

Pois que foi aquele
Sozinho em meio ao deserto
Que encarou ao fogo sem medo
Pois que via-se nele
Entendera toda lição
E abrira todo coração

Saudades
Do rei
Que se fazia rei
Por demais saber
E demais amar

(volta logo, volta logo...)

raph

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