A cidade foi dividida por grades
Os que ficavam de um lado se achavam seguros
Daquilo que ficava de fora
Mas as grades não foram à solução
E hoje há aqueles que esperam o crime
Entrincheirados nas próprias casas
Enquanto outros preferem sair
E se arriscar no lado de lá
A cidade foi dividida em turnos
Os que ficavam ao sol seguiam em paz
Os que ficavam sob a lua contavam suas estrelas
Mas os turnos já se foram
E hoje o medo se espalha pelo dia e pela noite
Sendo que uns preferem morrer à luz
Enquanto outros contam as vítimas da madrugada
E abraçam a escuridão
A cidade foi dividida em áreas
Para que a polícia pudesse assim atuar
Mas os policiais não tiverem a quem seguir
Já que a moral dos burgueses hipócritas
A financiar o crime do qual diziam fugir
Beirava a ignorância do menor abandonado
Contratado pelo Barão da Droga
E esquecido pela escola
A solução então foi essa
O caos para aqueles que fingiam não ver
Que a cidade e suas crianças
Caminhavam pelo fio da navalha havia muito
A cidade foi dividida
Pelo corte da cegueira e do egoísmo
O corte foi profundo e fez sangrar
E a punição é exemplar
raph'03
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Dizem que é das situações mais precárias que nasce o verdadeiro desejo de mudança. Quem sabe a Cidade Maravilhosa não dê a volta por cima, quem sabe?
Lógico que existe um mistério nessa questão da abrupta evolução do Homo sapiens, apesar de a ciência ainda não ser capaz de decifra-lo, não quer dizer que existam explicações de ordem não-científica para esse mistério... Sim, mas por outro lado, talvez nossa própria compreensão da ciência seja falha.
Claro que descendemos mesmo do macaco, e lógica cristã da criação do homem e da mulher é apenas uma alegoria criada para explicar algo complexo para mentes que (na época) ainda não tinham condições de absorver toda a verdade. Se até hoje existem os orgulhosos que não admitem terem ancestrais macacos, imagine a uns dois mil anos atrás... Entretanto, tampouco é crível que o grande salto do Homo sapiens tenha se desenrolado sem ao menos um auxílio de uma dita inteligência superior.
Ao colocar corpo, mente e espírito no mesmo barco, e estudar a todos com métodos e teorias puramente científicas, talvez o braço filosófico e científico da doutrina espírita tenha chegado mais próximo de uma explicação plausível para o grande salto.
No espiritismo, entendemos que nenhum ser é capaz de criar um outro que lhe seja superior em inteligência. Temos sim, filhos que são em muito superiores aos pais, mas não são o pai e a mãe que criam os filhos, eles apenas concebem um corpo apto a receber um espírito; Além da genética e das ligações de amor, ódio ou amizade, não há nada em comum entre um filho e seus pais.
O espírito é, portanto, o gerador que move e controla o corpo, e o faz através das "teclas" da mente. Mas o espírito transcende o corpo e a mente, tanto que, sem o espírito, corpo e mente são apenas carcaça a espera de abutres e larvas. O espírito, mesmo quando desprovido de corpo e mente, ainda existe como energia e inteligência individual. Isso está também dentro da máxima de que "no universo nada se perde, tudo se transforma"... Não é preciso se aprofundar mais do que isso para entender de que modo a existência de espíritos pode ter contribuido para o grande salto do Homo sapiens.
Se é verdade que a seleção natural não pode criar novas abilidades, e que apenas privilegia certas abilidades que já estavam presentes nos genes de uma dada espécie, dai tira-se a conclusão de que a seleção natural não age mais de forma inteligente do que antes de forma intuitiva. Da mesma forma que certos animais realizam certas tarefas guiados puramente pela intuição, de modo a sobreviverem, a seleção natural faz o mesmo, privilegiando certos genes que provaram serem aliados a sobrevivência, descartando outros que de nada serviram para tal.
Mas, para se criar verdadeiramente, há que se ter inteligência... E para se criar inteligência, há que se ter inteligência superior. Se pensarmos que os espíritos podem nos preceder na Terra por milhões e milhões de anos, não fica dificil imaginar o quão superiores muitos deles nos são em inteligência e capacidade... De modo que, da mesma forma que fazemos experimentos com camundongos ou macacos para estudar doenças e comportamentos, é bem provável que toda a era antiga da Terra tenha sido antes um grande campo de experimentos... Experimentos de dinossauros, répteis, peixes, aves, mamíferos, homens, todos conduzidos pelos espíritos.
A grande diferença é que o objetivo deles era tão somente a criação de condições adequadas de vida, e corpos que favorecessem as lições evolutivas que outros espíritos ainda pouco evoluídos teriam de aprender. Pois que a evolução não se faz mais na genética dos corpos do que na lapidação da alma. Mais importante do que apenas sobreviver, é amar e conviver em harmonia com os seres da Terra... Fica muito claro que a condição alcançada pelo Homo sapiens está bem acima de outros animais se o grande objetivo era nos fazer aprender a amar, ter consciência de nós mesmos e nosso papel nessa grande roda viva que é o universo...
Agora só nos falta mesmo o outro grande salto, a conquista de si mesmo.
Estive lendo sobre a evolução humana num especial da Scientific American, e obviamente encontrei muita coisa sobre o que escrever, desde espécies de macacos que usam o sexo para amenizar as agressividades até mapeamentos de genes defeituosos que podem explicar e provar as migrações dos Homo sapiens pelo mundo... Mas nada tão interessante quanto o artigo "Como nos tornamos humanos", escrito por Ian Tattersall.
Trata-se do velho enigma de como o Homo sapiens, após milhares de anos de existência (se considerarmos todas as espécies de seu gênero chegamos a alguns milhões de anos), num curtíssimo espaço de tempo (não mais que 20 mil anos) "de repente" evoluiu de um hominídeo, que em sua capacidade cognitiva mais lembrava um chipanzé ou orangotango, para um ser humano pleno de faculdades fantásticas como a linguagem, a capacidade de interpretar simbulos, os dotes artísticos, as interações sociais complexas, a curiosidade para estudar a Natureza e as ciências e, principalmente, a consciência de si próprio com uma profundidade muito mais vasta do que qualquer outro ser que já pisou na Terra nesses milhões de anos.
Sabe-se que a evolução pelo processo de seleção natural é sim uma realidade, mas ela somente ocorre com o transcorrer de centenas de milhares de anos para cada pequena evolução, sendo que tudo o que ela faz é "privilegiar" certos aspectos de uma espécie que estejam auxiliando em sua sobrevivência. Vale salientar que na grande maioria das vezes, esses aspectos são apenas físicos... Porém, a seleção natural não pode realmente "criar" uma nova abilidade ou aspecto, ela pode apenas trabalhar com o que já existe nos genes de uma dada espécie. No artigo, para explicar como a seleção natural pode nos ter feito humanos de uma hora da eternidade para a outra, o autor lembra de que muitas vezes os seres já tem capacidades adormecidas em seus genes, que são então "ligadas" pela seleção natural à medida que se tornam necessárias a sobevivência da espécie.
Um exemplo são as aves. Seus ancestrais já tinhas penas muito antes de poderem voar, ocorre que antes essa penas serviam apenas para a manutenção da temperatura do corpo... Milhares de anos depois, elas também serviram para que seus descendentes alcançassem os céus. No caso do Homo sapiens, uma teoria explica que grande parte do que nos tornou humanos foi "aprendida" através da criação da linguagem, interpretação de simbulos e convívio em sociedades ancestrais. Realmente, o corpo humano possui um trato vocal (proporções e tamanhos da faringe, laringe e caixa vocal) capaz de produzir os sons de uma fala articulada e, portanto, uma linguagem mais requintada onde podemos expressar inclusive emoções somente pelo tom de voz... Ocorre que, esse trato vocal surgiu em nossa árvore evolutiva mais de meio milhão de anos antes que surgisse qualquer evidência de linguagem.
Nossos corpos já estavam preparados para esse grande salto evolutivo a muitos milhares de anos, quiça milhões deles. Ao contrário de todas as outras espécies que sempre evoluíram gradativa e lentamente, sem nunca experimentar um grande salto, o Homo sapiens, na calada da noite, resolveu acordar como um ser humano, muito acima de qualquer outra espécie animal, e a única dotada de nível profundo de consciência.
Os céticos materialistas acreditam que tudo o que existe pode ser explicado apenas no âmbito da matéria: Corpo e, um tanto suprficialmente, a mente... Mas, à luz da ciência, como explicar esse grande salto evolutivo ocorrido em nossa espécie? Será que, ignorando todas as probabilidades, apenas o Homo sapiens foi agraciado com esse benefício, em detrimento de todas as outras espécies, que inclusive teriam vencido fácilmente a extinção caso tivessem tido a nossa sorte? Quais as probabilidades de isso ocorrer em um bilhão de anos? Será que ganhamos a loteria da evolução terrestre?
Na continuação, as respostas à luz da espiritualidade...
Essa é uma pergunta recorrente de todas as épocas da humanidade... Mas, principalmente nas últimas décadas, ela tem gerado muito mais apreensão do que esperança. Vejamos uma breve lista do que o amanhã nos espera, segundo a mídia globalizada:
1. Violência crescente nos grandes centros urbanos, gerada muitas vezes pelo mercado de drogas, que é ironicamente financiado exatamente pela classe que mais teme essa violência.
2. Terrorismo crescente no mundo, devido a incompatibilidade de fanáticos religiosos que querem continuar no passado medieval e progressistas disfarçados de grandes ícones da sabedoria do dito mundo civilizado, que querem trazer um futuro a força, ignorando culturas e, principalmente, destroçando economias.
3. Aquecimento global e consequente aumento das mazelas da natureza, o que é apontado por muitos como uma espécie de vingança da mesma contra a ocupação predatória do homem sobre a Terra, assim como alguns atos de ignorância extremada (vide Hiroshima e etc.)
4. Aumento crescente do desemprego, assim como do abismo social entre as classes ricas e pobres, principalmente nos países do hemisfério sul. Mesmo nos países do norte, há também a bomba relógio da previdência social, o que teoricamente consumirá boa parte dos recursos que os governos precisariam investir em outras áreas, inclusive para geração de mais empregos.
5. A tragédia da Africa, o continente de onde boa parte de nossas civilizações surgiu, e que ironicamente hoje vive um caos social, inclusive nos países onde o número de homens e mulheres com aids beira os 50%.
Bem, com certeza não são perpectivas muito promissoras... Mas será então que antigamente, bem antigamente, as coisas eram melhores? Será que na Grécia antiga os homens não precisavam se aborrecer com muita coisa e podiam passar seus dias filosofando nos jardins? Será que na época em que Jesus caminhou pela Judéia todos eram felizes apenas por saber que um grande profeta estava entre eles? Será que na época das grandes cruzadas os homens eram esperançosos por acreditarem que no futuro todos os bárbaros do sul que um dia foram seus invasores seriam convertidos ao catolicismo e, portanto, seus mais novos e amados irmãos? Será que na Alemanha de Hitler, as pessoas estavam mais tranquilas por acreditarem que as raças impuras seriam varridas do mundo e que seu grande líder os levaria a serem os perfeitos herdeiros da Terra?
Vocês devem estar refletindo sobre essas diversas perguntas. E, admitamos, sempre existiram mazelas e miseráveis na humanidade, assim como sempre existiram pequenas elites que se fartaram com o bom e o melhor que a vida lhes poderia oferecer na época... Ocorre que, mesmo desconsiderando os avanços da medicina, da eletrônica e do saneamento básico, será que, moralmente e a nível de esperança, o mundo antigo era melhor do que o atual?
Será que, antigamente, o que se via no Coliseu (homens lutando até a morte ou devorados por feras) era melhor do que o que se vê hoje em estádios de futebol ou de esportes em geral? Será que a violência em vilarejos perdidos nas fronterias de reinos, onde mulheres podiam ser estupradas e vilas invadidas e massacradas por invasores, era ela menos brutal do que a violência de hoje? Será que os homens e mulheres que arderam em fogueiras humanas por defenderem a ciência acreditam que hoje nossas leis são piores do que as daquela época? Será que os índios que foram massacrados em todos os cantos da América, e que viram a natureza ser tratada como moeda de troca pelos grandes colonizadores europeus acreditariam eles que hoje o homem respeita ainda menos a natureza do que antigamente?
Não.
Definitivamente, a humanidade anda para frente... Devagar e a passo de anta, talvez, mas sempre adiante. Hoje melhor do que ontem, e amanha, com certeza, melhor do que hoje.
Aqueles que não acreditam ou tentam achar uma explicação para o baixíssimo nível de esperança ante ao futuro na humanidade de hoje, deixo uma simples reflexão:
Os homens sempre foram assim, sempre reclamaram de barriga cheia. Há muitos que vem a Deus pedir por bençãos e rumos a tomar, mas muito poucos que se preocuparam em achar esses rumos por eles mesmos, e a Deus tudo o que fizeram foi agradecer profundamente por esse universo maravilhoso onde todos tem a oportunidade de evoluir, sempre.
A grande diferença é que hoje o conhecimento está mais difundido. Pela inabilidade de lidar com tal conhecimento e viver num mundo verdadeiramente globalizado, os homens ficam aterrorizados com quase tudo, desde um acidente de trêm na Índia a um assassinato na Inglaterra. A mídia globalizada nos trás tudo o que queremos ver, e infelizemente muitos de nós, por falta de opnião própria, continuam fixados apenas nas tragédias. Voltemos para a luz, que hoje, mais do que nunca, existe em abundância nessa Terra.
Os dias da grande virada estão sempre "por vir", talvez seja hora de não esperarmos mais por eles, e acreditar que estamos sim caminhando sempre em frente. E que essa tal grande virada é tão somente uma nova forma de encarar a vida. Feliz amanhã a todos!