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21.4.22

O que é o Sefirat ha Ômer?

Neste vídeo Raph faz um panorama geral do Sefirat ha Ômer (ou Contagem do Ômer, uma prática do misticismo judaico) e responde a 7 das principais questões de quem nunca ouviu falar do tema - ou conhece muito pouco do assunto, mas se interessa em saber mais.. Assista abaixo:

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18.4.22

Eu sou, eu era, e eu serei

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

Assim se inicia o livro de João, parte do Novo Testamento bíblico. É muito comum que se use essa frase para associar a ideia de Deus com o vociferar, o verbalizar, o colocar em palavras, o que em última análise também está associado a causar alguma alteração no mundo lá fora, a expressar o que se sabe, o que se sente, em suma: a evangelizar, difundir a palavra sagrada.

Entretanto, é estranho de se pensar que a palavra mais sagrada das religiões abraâmicas (que remontam a Abraão) é um dos termos de significado mais complexo e, em geral, desconhecido da maioria dos seus seguidores. A inscrição mais antiga conhecida que contém o tetragrama YHWH é a Pedra Moabita, de cerca de 840 a.C., que celebrou a vitória de um rei moabita sobre um rei israelita. O tetragrama também foi encontrado em inscrições menos solenes de fragmentos de cerâmica um pouco mais recentes. Aparece, por exemplo, nas chamadas Cartas de Laquis, que contêm frases como “Que YHWH faça que meu senhor ouça hoje mesmo notícias de paz”.

Mas o que é YHWH afinal? Ele se refere as quatro letras do alfabeto hebraico que compõem o nome de seu Deus (escritas da direita para a esquerda): י (yod), ה (he), ו (vav, chamada também waw), e de novo ה (he). Em português (assim como em inglês e francês) a transliteração usual é YHWH, mas encontram-se também na forma YHVH (como em espanhol). Isso significa que os antigos hebreus vociferavam um som parecido com Iodhêvavhê quando se referiam ao seu Deus. Dito isso, até aqui não demos nenhum significado a YHWH muito diferente de dizer que “Deus” se escreve com um D, seguido de um E, um U e um S. Então precisamos repetir a pergunta: mas o que é YHWH afinal?

Para atingir o significado mais profundo de YHWH, a princípio não é necessário ser um cabalista com décadas de experiência mística, mas antes um especialista no... hebraico. Há um trecho do livro do Êxodo, no Antigo Testamento bíblico, que nos dá uma bela pista sobre o significado de YHWH para um hebreu:

Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?
E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

(Êxodo 3:13,14)

Esse trecho corrobora a tese de alguns estudiosos do hebraico bíblico que afirma que Deus, ou YHWH, não é propriamente um substantivo, mas um VERBO! YHWH não somente é, como está sendo, foi e será: um verbo conjugado em todos os tempos existentes, um verbo que está na fonte do que existe, no princípio, mas também no fim de todas as coisas; e, igualmente, em todas as coisas em todos os tempos.

Há um ensinamento da tradição oral judaica, atribuído ao Rabino Akiva, em que o próprio Deus afirma:

Eu sou, eu era, e eu serei. Eu era antes do mundo ser criado, eu sou desde que o mundo foi criado, e eu serei aquele que estará no mundo vindouro.

Esse tipo de interpretação é poderoso porque não deixa nenhuma margem para que possamos considerar qualquer coisa, em qualquer tempo, como estando fora, ausente, ou até mesmo distante de Deus. De fato, não há como algo EXISTIR sem que isso implique a existência em si, e a existência em si é parte de Deus.

Assim, Deus sempre esteve mais próximo de você do que o seu próprio olho, e quando você respirou a primeira vez após vir ao mundo como um ser humano, o ar que respirou era Deus, assim como seus pulmões e a placenta que ainda o conectava a sua mãe. E, ainda que não possamos nos lembrar por certo onde estávamos antes do nascimento, muito antes da própria Terra se formar, muito antes dos primeiros elementos pesados serem forjados nos núcleos dos primeiros sóis, Deus já estava lá, porque não é possível se falar em existência sem usar o verbo existir: se um universo existe, se há algo que chamamos de espaço-tempo, então lá também está Deus.

Eu poderia decorar esse texto com mais infindáveis parágrafos acerca do que existe, poderia lembrar de Krishna e do Bhagavad Gita, ou do Tao no livreto de Lao Tse, ou até mesmo da Substância de Espinosa e outros conceitos mais metafísicos do neoplatonismo e do hermetismo, mas o que considero mais importante aqui não são as palavras, mas o verbo, o existir, o estar sendo, e isso é algo que vai muito além das palavras, meras cascas de sentimento.

Então abandone estas palavras, abra a janela e olhe para fora, esteja onde estiver, e simplesmente sinta que existe, abra seu coração e sua alma para o estar sendo, aqui e agora: lembre-se de que aquilo que busca também sempre esteve lhe buscando, mas deixe as palavras para depois...

raph

***

Com agradecimentos a Caio Ribeiro Chagas pela exposição inicial do conceito de YHWH como verbo, no podcast Pele de Cordeiro sobre o Sefirat ha Ômer.

Crédito das imagens: [topo] Noah Holm/unsplash; [ao longo] Tanner Mardis/unsplash.

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16.4.22

Raph fala sobre o Sefirat ha Ômer no Boteco Mayhem

Já está no ar o vídeo do Boteco Mayhem sobre a Contagem do Ômer (ou Sefirat ha Ômer), onde eu e a Pri Martinelli tentamos explicar melhor do que realmente se trata as 49 noites de meditação introspectiva da tradição do misticismo judaico:

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15.4.22

Lançamento: Rubaiyat de Omar Khayyam

As Edições Textos para Reflexão trazem a poesia persa para o formato digital.

Hoje Nixapur é uma cidade modesta situada no nordeste do Irã, mas há cerca de mil anos ela era uma das maiores cidades do mundo, sendo um ponto importante da famosa Rota da Seda. Na época, em meio aos impérios persas, nela nasceu e morreu um cientista, astrônomo e matemático chamado Omar Khayyam. Dizem que também foi poeta, e teria nos deixado centenas de poemas compostos por quatro versos – os rubaiyat, plural de rubai (poema em quarteto). Muitos séculos depois, tais versos foram transpostos ao inglês por um poeta de ascendência irlandesa chamado Edward FitzGerald, que foi o grande responsável por tornar o Rubaiyat de Omar Khayyam célebre em todo o Ocidente.

Nessa versão, contamos com a primorosa tradução de Rafael Arrais – também tradutor de Rumi, outro grande poeta associado ao misticismo sufi, e membro da Ordem Sufi Naqshbandi. Além disso, a edição traz mais de 30 ilustrações de grandes artistas.

Um ebook já disponível para o Amazon Kindle e na Google Play:

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13.4.22

Raph fala sobre a Contagem do Ômer no canal Lupus in Fabula

No episódio 11 do Lupus in Fabula: Pele de Cordeiro, Cris Dornelles e Marcos Keller conversam com Raph Arrais e Caio Chagas sobre a meditação do Sefirat ha Ômer. Foi muito engrandecedor participar do bate-papo com pessoas que entendem e praticam a Contagem:

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