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29.5.20

O mundo vai acabar

Neste vídeo vamos analisar o que significa, de fato, o chamado Apocalipse, e porque isso não tem nada a ver com fugir deste planeta numa nave espacial (ou numa carruagem angelical). Ao final, leio um trecho do Evangelho de Tomé (apócrifo).

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20.5.20

Traduzindo Orwell: A Revolução dos Bichos

No primeiro dia de 2021 entra em domínio público em todo o planeta (exceto os EUA) toda a obra de Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo seu célebre pseudônimo: George Orwell.

Orwell foi um peso pesado da literatura do século XX, e duas de suas obras são best-sellers praticamente eternos: 1984 e A Revolução dos Bichos. Desde o início de Maio deste ano eu tenho me dedicado a traduzir ambas, iniciando pela segunda.

Sim, é isso mesmo: neste momento eu, Rafael Arrais, estou no início da tradução de A Revolução dos Bichos. É importante deixar isso divulgado aqui, pois tenho certeza de que não serei o único a publicar traduções de Orwell ano que vem, seja na Amazon ou nas outras plataformas de autopublicação.

Se tudo correr bem, as Edições Textos para Reflexão iniciarão o ano que vem em grande estilo, com lançamentos das traduções das obras já citadas em versão digital e impressa; além de, pela primeira vez na história da editora, estarmos preparando um lançamento na própria língua inglesa. Quem viver verá!

Na sequência, trago um trecho da minha tradução do primeiro capítulo de A Revolução dos Bichos com comentários exclusivos (não vão constar na edição final):


1.

O sr. Jones, da Chácara do Solar [1], havia fechado o galinheiro para a noite, mas estava bêbado demais para lembrar de fechar as portinholas das galinhas. Com a luz da sua lanterna bamboleando de um lado para o outro, ele atravessou o pátio cambaleante, arrancou as botas ao atravessar a porta dos fundos, engoliu um último copo de cerveja do barril da copa e fez o caminho até a cama, onde a sra. Jones já roncava.
Assim que as luzes do quarto foram apagadas, houve um agito e um bater de asas em todos os galpões da chácara. Ao longo do dia correra o boato de que o velho Major (um porco que já havia sido premiado em exposições) tivera um sonho estranho na noite anterior, e gostaria de falar dele aos outros animais. Havia sido combinado que todos deveriam encontrar-se no grande celeiro assim que o sr. Jones tivesse se recolhido. O velho Major (assim eles o chamavam, apesar de haver concorrido nas exposições com o nome de “Belo de Willingdon”) era tão respeitado na chácara que todos estavam dispostos a perder uma hora de sono para poder ouvir ao que ele tinha a dizer.
Ao fundo do celeiro, sobre uma espécie de estrado de madeira, o Major já se encontrava deitado em sua cama de palha, sob a luz de um lampião atado a uma das vigas. Ele já contava os seus doze anos de idade e ultimamente havia se tornado um tanto corpulento, mas ainda assim permanecia sendo um porco de porte majestoso, com um ar sábio e benevolente, mesmo que as suas presas jamais tenham sido cortadas. Em pouco tempo os outros animais começaram a chegar e se alojar confortavelmente, cada um ao seu modo.
Primeiro chegaram os três cachorros, Bluebell, Jessie e Pincher, e logo após vieram os porcos, que se sentaram na palha em frente do estrado. As galinhas se empoleiraram no peitoril das janelas, as pombas voaram para as vigas do telhado, as ovelhas e as vacas permaneceram atrás dos porcos ruminando. Os dois cavalos de tração, Cascudo [2] e Margarida [3], chegaram juntos, andando bem vagarosamente e acomodando no chão seus enormes cascos peludos (com todo cuidado, de modo a não pisar em nenhum pequeno animal que pudesse estar oculto dentre a palha). Margarida era uma égua corpulenta, matronal, já próxima da meia-idade, cujas curvas jamais voltaram ao que haviam sido após o nascimento do seu quarto portinho. Cascudo, por sua vez, era um bicho enorme, com quase dois metros de altura, tão forte quanto dois cavalos comuns. Uma mancha branca que atravessava o seu focinho lhe conferia um certo ar de estupidez; e de fato ele não era lá tão esperto, no entanto era por todos respeitado devido a sua retidão de caráter e a sua tremenda disposição para o trabalho. Depois dos cavalos vieram Muriel, a cabra branca, e Benjamim, o asno.
Benjamim era o animal mais velho da chácara, e o mais ranzinza. Ele raramente se pronunciava, e mesmo quando o fazia, geralmente era para dizer alguma coisa cínica – por exemplo, ele dizia que Deus havia lhe dado uma cauda para que pudesse espantar as moscas, mas ele preferia que não houvesse nem cauda e nem moscas. De todos os demais animais da chácara, era o único que nunca ria. Quando lhe perguntavam por que, ele dizia que não via nenhum motivo para rir. Em todo caso, ainda que não admitisse abertamente, ele nutria certa afeição por Cascudo; eles geralmente passavam os domingos juntos no pequeno porteiro além do pomar, pastando lado a lado sem jamais dizerem uma palavra.
Os dois cavalos mal haviam se acomodado quando uma ninhada de patinhos órfãos adentrou o celeiro, todos eles piando baixinho e se aventurando pelos cantos, buscando um local onde não corressem o risco de serem pisoteados. Finalmente, Margarida ofereceu a proteção da sua pata dianteira, e em torno dela os patinhos se aconchegaram, logo caindo no sono. No último instante, Mollie, a bela e tola égua branca que puxava a charrete do sr. Jones, adentrou o recinto se locomovendo com toda graciosidade, enquanto mastigava um torrão de açúcar. Ela pegou um lugar bem à frente e ficou saracoteando com sua crina branca, na esperança de chamar atenção para as fitas vermelhas que a enfeitavam. Após todos os demais veio a gata, que buscou, como sempre fazia, o local mais morno, até enfim se enfiar entre Cascudo e Margarida; lá ela ronronou satisfeita ao longo de todo o discurso do Major, sem ouvir uma só palavra de tudo o que disse.
Agora todos os animais estavam presentes, exceto Moisés, o corvo domesticado, que dormia lá fora num poleiro atrás da porta dos fundos. Quando Major percebeu que todos já se encontravam bem acomodados e aguardando atentamente, limpou sua garganta e iniciou:

“Camaradas, todos vocês já ouviram algo a respeito do sonho estranho que eu tive a noite passada. Mas falarei sobre ele mais tarde. Antes, tenho outra coisa a dizer. Eu não creio, camaradas, que estarei entre vocês por muito mais estações, e antes que eu morra, sinto ser minha obrigação passar a todos vocês a sabedoria que adquiri por todo esse tempo. Sim, eu tive uma longa vida, e tive muito tempo para refletir enquanto permanecia só em meu chiqueiro; assim, hoje eu creio que posso dizer que compreendo a natureza da vida nesta terra tão bem quanto qualquer outro animal vivo. É sobre isso que eu quero lhes falar.
Então, camaradas, qual é a natureza dessa vida que levamos? Não vamos ignorar a realidade: nossa vida é miserável, curta e cheia de trabalho. Nós nascemos, recebemos o tanto de alimento minimamente necessário para que possamos continuar respirando, e aqueles que são capazes são forçados a trabalhar até o último pedaço de suas forças; e assim, no instante em que nossa utilidade acaba, somos abatidos com monstruosa crueldade. Nenhum único animal em toda a Inglaterra conhece o significado da felicidade e do lazer após completar um ano de vida. Nenhum animal na Inglaterra é livre. A vida de um animal é feita de miséria e escravidão: essa é a dura verdade.
Mas seria tudo isso simplesmente parte da ordem da natureza? Será esta nossa terra tão pobre que não possa ofertar uma vida mais decente aqueles que a habitam? Não, camaradas, mil vezes não! O solo inglês é fértil, o seu clima é bom, e ele é perfeitamente capaz de dar comida em abundância a um número de animais muitíssimo maior do que os que vivem aqui hoje. Só a nossa chácara comportaria uma dúzia de cavalos, umas vinte vacas, quiçá centenas de ovelhas – e todos eles vivendo em um nível de conforto e dignidade que agora se encontra praticamente além da nossa imaginação. Por que afinal nós continuamos nesta condição de vida miserável? Porque a quase totalidade do produto do nosso trabalho nós é roubada pelos seres humanos. Aí está, camaradas, a resposta para todos os nossos problemas. Ela pode ser resumida numa única palavra – Homem. O Homem é nosso único e verdadeiro inimigo. Retire o Homem da cena, e a raiz principal da fome e da sobrecarga de trabalho será cortada para sempre [...]”

(tradução de Rafael Arrais)


Comentários

[1] Já na primeira linha da obra temos um termo de tradução muito difícil. No original, Manor Farm, temos uma referência a uma fazenda onde há uma grande mansão luxuosa (propriedade do sr. Jones). Após a rebelião dos animais, essa mesma fazenda será rebatizada para Animal Farm, o título original da obra. Assim, o próprio título escolhido no primeiro lançamento da obra no Brasil foi um tanto infeliz, primeiro porque faz menção a algo que não estava na ideia original, segundo porque usa a palavra “revolução” no lugar de “rebelião”, que seria o mais correto. Ou seja, seguindo essa lógica o título no Brasil deveria ser A Rebelião dos Animais. No entanto, melhor ainda teria sido usar A Fazenda dos Animais, A Granja dos Animais ou A Chácara dos Animais.
Quanto à tradução de Manor Farm, eu optei por utilizar Chácara do Solar, uma vez que a fazenda não é lá tão grande, e poderia perfeitamente ser chamada de “chácara” por aqui. Quanto ao “do Solar”, se refere justamente ao “Solar”, isto é, a mansão do sr. Jones – uma tradução literal, como Chácara Solar ou Fazenda Solar, estaria errada.

[2] O nome original do cavalo é Boxer. Sempre que possível, eu tento deixar os nomes originais, ou a versão deles em português – como, por exemplo, Benjamim no lugar de Benjamin ou Moisés no lugar de Moses. Boxer, no entanto, soa demasiadamente estranho (na minha opinião), principalmente em se considerando a importância do personagem na obra. Assim sendo, quebrei a cuca para tentar achar um nome o mais próximo possível da ideia de “um boxeador, um cara forte e resiliente”. Cheguei, enfim, ao nome Cascudo. Sei que alguns podem não gostar, mas foi o melhor que pude fazer neste caso.

[3] Aqui o desafio foi ainda mais difícil. Clover, o nome original da égua, se refere a “um trevo” (quiçá a um trevo de quatro folhas, representando os seus quatro potros). Sendo uma personagem feminina, manter o nome seria especialmente ruim; então queimei a mufa para buscar, na natureza, alguma espécie de planta, flor ou folha que pudesse soar bem como o nome de uma égua, e acabei chegando a Margarida.

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18.5.20

Bate-papo Mayhem: o aspecto emocional do Sefirat ha Ômer, com Raph

Oi pessoal. Enquanto não volto a postar vídeos no canal do Textos para Reflexão, vocês podem aproveitar para assistir a minha participação no programa Bate-papo do Projeto Mayhem, onde fui recebido pelo meu amigo Marcelo Del Debbio e falei sobre o aspecto emocional do Sefirat ha Ômer, uma prática de meditação do misticismo judaico:

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11.5.20

Lançamento: Karanblade Livro 1: O Urso

As Edições Textos para Reflexão voltam a publicar um livro do seu editor, Rafael Arrais.

Karanblade é a lendária campanha para Dungeons & Dragons (RPG de fantasia medieval) que surgiu no final dos anos 1990 e deixou muita saudade. Hoje ela retorna através de uma série de literatura fantástica ambientada em seu mundo, a Terra Próxima. O primeiro livro se chama O Urso.

Um ebook exclusivo para Amazon Kindle:

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***

Abaixo, segue uma amostra com o primeiro capítulo da obra:


1.


Ao sul da Terra Próxima, além de cidade murada de Bak e do reino dos anões, próximo às últimas árvores que se erguem e formam a gigantesca Floresta do Sul e, finalmente, a oeste da não menos gigantesca cordilheira conhecida por Montanhas Rotun, existe uma terra de planícies ensolaradas, vento fresco, e também de caças e caçadores. Os bárbaros que sempre viveram próximo às montanhas, por isso também chamados de rotunianos, há muito elegeram tais planícies como terras de caça e conflito. Tribos vindas tanto do sopé das montanhas quanto do interior da floresta procuram pelos bisões e javalis, enquanto tentam se desviar de outras feras que não podem caçar, como os leões e gatopardos; elas também precisam lidar com as tribos rivais das Ilhas da Chuva, sempre dispostas a invadir o continente e ditar suas leis a ferro e fogo, ou com os detestáveis orcs, que nunca deveriam ter saído de sua casa, nos fundos túneis do Grande Subterrâneo, muito ao norte daquela terra.
Foi exatamente ali, no Caminho dos Caçadores, que um jovem rotuniano lutou sua primeira e decisiva batalha. Ali que o inexperiente e destemido Oldar se tornou o grande guerreiro da Floresta, passando a ser conhecido como Oldalin, o Grande Urso.

Tudo aconteceu numa manhã de primavera, quando os bárbaros da tribo de Terralta, chefiados por Gunther, o de Longa Visão, se aproximavam de um pequeno vale onde sabiam haver muitos bisões pastando com o alvorecer. Era a primeira vez que Oldar, o jovial e atlético filho dos bárbaros de Terralta, participava de uma caçada tão longe de sua tribo. Antes se aventurara com coelhos, pequenos javalis e coiotes, mas agora teria de provar ser um bom caçador, no alto de seus quinze anos de vida.
A equipe era formada por dois batedores, que espreitavam sorrateiramente e enviavam assobios peculiares para Gunther e os outros oito caçadores, dentre eles Oldar. Os batedores armavam-se apenas de facas de aço enferrujado, já que a função de abater os animais era dos caçadores, que se muniam de lanças e arcos, além dos famosos machados bárbaros. Apenas Gunther, o líder, portava uma cota de malha, coisa rara entre os bárbaros daquela região.
Aproximavam-se da última colina que escondia o vale, e Gunther ordenou: “Allin, Uldom, vão pela descida à direita. Os batedores vão com os outros pela esquerda e depois à frente em direção à caça. Eu fico aqui com o jovem Oldar, ele verá como se caça como adulto, e nunca irá esquecer!”.
De fato, Oldar sentiu um misto de alívio e vergonha por permanecer com Gunther longe da ação, já que carregava consigo a estranha sensação de que realmente nunca iria esquecer aquele dia.

Assim foi feito, e após alguns minutos ouviram-se os assobios dos batedores; então, os dois que desceram pela direita correram com as lanças em riste, bradando as canções de caça e afugentando uma parte da extensa manada de bisões para o lado dos cinco guerreiros que se escondiam detrás de algumas rochas. Oldar estava eufórico com a eficiência e coragem de seus irmãos. Puseram-se quase que no meio da passagem dos bisões, matando dois que vinham na frente com suas lanças fincadas ao solo, como uma murada de espetos mortais. Os outros três atacaram esses com suas lanças, enquanto tentavam não ser alvo do estouro da manada.
Gunther gesticulava para que os batedores voltassem pelo caminho à direita, longe dos bisões que fugiam em marcha rápida. Não era necessária mais nenhuma ordem, haviam abatido dois grandes bisões em poucos minutos, mais do que suficiente para um desfecho de sucesso para aquele dia de caça. Infelizmente, no entanto, em poucos segundos todos iriam deixar de ser caçadores e passar a ser a caça.

O primeiro grito veio da passagem à direita, por onde desceram Allin e Uldom, e voltavam os batedores. Gunther sentia o cheiro do medo, sabia que seus irmãos estavam em grande perigo. Prontamente retirou seu grande machado das costas e gritou para um agora assustado Oldar: “Fique aqui garoto! Se eu não voltar, corra de volta para a aldeia e avise ao curandeiro que Gunther e seus guerreiros tombaram ante a maitranda!”.
Maitranda! Oldar sempre detestou essa palavra, que significava muitas coisas em rotuniano: revolta da natureza, desejo de fazer o mal, magia negra... Oldar sabia que Gunther podia sentir tais forças, mas nunca imaginou que seria alvo delas logo em sua primeira caçada de adulto!
Gritos seguiram a mais gritos, e eles eram cada vez mais assustadores e desesperados, tirando os estranhos grunhidos que ora surgiam entre eles. Oldar sabia que deveria esperar ou, no mínimo, fugir. Era apenas um jovem bárbaro pego no meio de algo que não estava preparado para lidar... Ora, mas é exatamente nessa hora que surgem os heróis: aqueles que fazem o impensável em prol de seus irmãos. Que arriscam a vida se preciso, para vencer o inimigo, mesmo que seja um inimigo tão assustador. Naquele dia, Oldar provou ser um deles: agarrou o cabo do machado de seu pai com força, fechou os olhos brevemente e, quando os abriu, percebeu que não era mais necessário correr.

Seja o que for que estava a sua frente, era algo que para o jovem bárbaro significava apenas a morte. Não seria possível fugir daquela criatura enorme, semelhante a um grande urso negro da Floresta do Sul, mas com um estranho brilho vermelho no olhar, enormes buracos de lança e cortes de machado no corpo, suficientes para o fim de dez ursos daquele porte, e carregando o corpo sem vida de Gunther entre as mandíbulas. No que se seguiu, a criatura apenas cuspiu aquele que fora sempre um modelo de guerreiro para Oldar, e moveu-se com inigualável velocidade ao encontro do jovem. Seus grunhidos eram ensurdecedores.
Oldar nunca iria se lembrar como, mas o fato é que no primeiro avanço da bestial criatura, conseguiu não apenas se manter lúcido, como desviar com maestria de sua bocarra mortal, assim como de suas garras dianteiras, que insistiam em tentar lhe fatiar como um coelho indefeso. Oldar matara coelhos, tantos que aprendeu que um coelho jamais teria chances contra um bárbaro... Ele era esse coelho agora, o que poderia fazer?
Nas cenas que se sucederam, tentou em vão acertar a pata traseira do urso negro, mas ele se movia quase como um felino, tamanha a velocidade e agilidade. Percebeu que ganhara um extenso corte nas costas, e rolou pelo chão para escapar de um abraço mortal... Estava próximo do fim. A criatura o agarrou com as patas dianteiras, e preparava o bote final. Mas o destino não quis que a maitranda triunfasse nesse dia: num último esforço, Oldar conseguiu desprender seu braço direito da pata colossal e colocou seu machado entre sua face e a enorme bocarra... O urso engoliu aço e sangue; era o derradeiro suspiro da criatura, que tombou em cima de seu algoz.

Para o jovem Oldar, o mundo ficara escuro...


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