Os cientistas céticos volta e meia criticam os defensores das teorias espiritualistas por defenderem teses que não podem ser analisadas de modo objetivo, sejam espíritos que "só aparecem em sessões espíritas", ou mesmo médiuns que se recusam a participar de experimentos controlados. Na realidade não é bem assim: existem sim exemplos de casos chamados "paranormais" que podem ser analisados pela ciência, muito embora nenhum cientista se prontifique a estuda-los de maneira séria, talvez por medo de comprovar o que não gostaria de comprovar.
Apenas como exemplos emblemáticos, vamos citar rapidamente dois casos que recentemente foram tema de documentários da Discovery Channel: o médium de cura brasileiro João de Deus, e o garoto do Nepal chamado Ram Bomjan, o Pequeno Buda - No entanto, ainda vivos no planeta, desde yogis a autistas savants, temos centenas de casos que escapam da ciência tradicional, e nem porisso são estudados a fundo pelos tais cientistas céticos... Vale lembrar que, felizmente, nem todo cientista é cético (ou pelo menos cético-fundamentalista, como a maioria dos céticos atuais).
João de Deus
João Teixeira de Farias, o João de Deus, é também conhecido como João de Abadiânia e João Curador. Nasceu em 24 de junho de 1942 em Cachoeira da Fumaça, interior de Goiás. Muito pobre, estudou até o segundo ano primário e em seguida abandonou a escola com o intuito de procurar trabalho e ajudar no sustento dos cinco irmãos.
As manifestações mediúnicas começaram quando ainda era menino. Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, teve início o seu trabalho de cura. Após uma visão embaixo de uma ponte, foi orientado a procurar um centro espírita na cidade. Lá chegando, foi recebido à porta pelo presidente do centro, que disse já estar esperando por ele. João se aproximou e subitamente desmaiou. Ao acordar, ficou sabendo que, incorporado, havia operado e atendido a diversas pessoas. Desde então não parou mais de realizar trabalhos de cura.
João já perdeu a conta de quantas vezes foi acusado e preso pela prática ilegal da medicina. Hoje, ele atende a um sem número de médicos, juízes, delegados e advogados. Tentando escapar da pobreza, João de Deus trabalhou, entre outras coisas, como alfaiate, minerador e também numa olaria. Mora em Anápolis, Goiás, cidade distante 40 km de Abadiânia, onde em 1976 fundou a Casa Dom Inácio de Loyola.
Hoje João é mais conhecido fora do país, e diversos americanos e europeus vem todo ano se tratar com ele. O médium, vale dizer, é católico e não se considera espírita – apesar de realizar intervenções espirituais. Ou seja, seu trabalho, gratuito, se dá independentemente de credos ou religiões.
O que pode ser estudado pela ciência:
Dentre os procedimentos cirúrgicos realizados em sua fazenda, a Casa Dom Inácio de Loyola, todos podem ser vistos, de qualquer ângulo, por qualquer visitante ou estudioso de boa vontade. No documentário da Discovery diversas cirurgias foram filmadas. Abaixo um trecho do artigo da Revista Época:
"As cirurgias podem ser “visíveis” ou não, de acordo com a vontade do paciente. Nas visíveis, os procedimentos mais comuns são a introdução de uma pinça cirúrgica no nariz, a raspagem da retina ou a retirada de tumores com bisturi. Às vezes, João faz simples massagens na região onde o paciente reclama de dor. O médium pergunta, imperativo: “Cadê a dor?” Todos dizem não sentir mais nada. Em alguns casos, ele ordena a pessoas em cadeiras de rodas ou muletas que as abandonem e andem. Em todos os casos presenciados pela reportagem de ÉPOCA, os pacientes saíram claudicando com muita dificuldade. Quando há cortes, ele costura a ferida com agulha e linha, e o paciente vai para uma sala de repouso. Se há sangue no chão, os auxiliares se apressam em limpá-lo com álcool de cozinha. Os instrumentos cirúrgicos não são limpos entre uma operação e outra."
1. Entender como, nesses procedimentos cirúrgicos que envolvem inclusive aberturas na região do estômago, dentre outras, feitos com instrumentos sem assepsia e muitos dos quais sequer adequados a medicina cirúrgica, até hoje ninguém, absolutamente ninguém, pegou sequer uma infecção hospitalar, independente de ter sido curado ou não.
2. Analisar como muitos dos pacientes obtém senão a cura, ao menos uma melhora considerável em seus quadros, visto que a maioria chega lá por ter sido "desenganada" pela medicina tradicional.
3. Estudar como um fazendeiro, ex-minerador e ex-alfaiate, pode fazer cirurgias em condições precárias, procedendo tratamentos efetivos, sem nunca ter estudado absolutamente nada de medicina.
4. Entender como, nas cirurgias sem anestesia, os pacientes praticamente não sentem dor, e há quase que nenhum sangramento mesmo quando tesouras são enfiadas nariz adentro, ou área na região do estômago são abertas.
5. Analisar como uma pessoa "raspando" o olho do paciente com uma faca comum pode ter tamanha precisão à ponto de não ferir o olho e, pelo contrário, efetuar tratamentos de sucesso em relação a cataratas e outras patologias oculares.
Para saber mais sobre João de Deus: Artigo da Revista Trip - Livro lançado recentemente pela editora Pensamento - Vídeos no YouTube - Posts sobre João de Deus neste blog
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Ram Bomjan, o pequeno Buda
Ram Bahadur Bomjan (Ratanapuri, Nepal, 9 de abril de 1990), também conhecido como Palden Dorje (nome budista), vem recebendo milhares de visitantes e a atenção da mídia por estar meditando durantes meses seguidos sem, aparentemente, consumir alimentos ou água. Bomjon iniciou a sua meditação em 16 de maio de 2005, desapareceu de sua cidade em 11 de março de 2006, reaparecendo em outra localidade do Nepal em 26 de dezembro de 2006. Desapareceu novamente em 8 de março de 2007 até ser encontrado meditando em 26 de março de 2007 por inspetores da polícia em um outro ponto de Ratanapuri.
No documentário da Discovery, eles o filmam meditando ao lado das raízes de uma imensa árvore por 5 dias consecutivos, tempo que acredita-se que o ser humano é capaz de sobreviver sem consumo de água. Além da Discovery comprovar que ele sequer se moveu durante esse período, especialistas em nutrição ficaram pasmos com o fato de que sua pele não ficou ressecada e que, mesmo estando a no máximo 15 graus celsius (e talvez abaixo de zero a noite), por vezes gotas de suor corriam pelo seu rosto.
O que pode ser estudado pela ciência:
Independente da discussão se um adolecente nepalês deve ou não "perder" boa parte de sua infância meditanto imóvel ao relento, aparentemente arriscando sua vida (ao invés de, por exemplo, estudar num colégio), a ciência pode analisar os seguintes fenômenos:
1. Um ser humano pode sobreviver por 5 dias sem consumo de líquido e por até 90 dias sem consumo de alimentos sólidos, como pode o garoto estar a meses sem comer e beber e continuar vivo?
2. Como, nesses condições, a pele de Ram Bomjan continua aparentemente sadia, e mesmo seu corpo aparentemente em um peso sadio, como o de qualquer adolecente normal que se alimenta e pratica exercícios diariamente?
3. Analisar
como o garoto pode suar em condições climáticas tão frias.
4. Entender como, ao sair de meses na mesma posição para se locomover a um local mais tranquilo de meditação, ele não precisou de fisioterapia para reaprender a andar.
5. Compreender como ele pode, ao sair de meses de meditação, abrir os olhos e voltar a enxergar normalmente.
Para saber mais sobre Ram Bomjan: Site "oficial" - Biografia (em inglês)
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