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30.7.08

Os 10 melhores livros sagrados

Dos que já li até hoje, ou dos que me lembro de ter lido:

1. Bhagavad Gita (parte do Mahabharata)*
2. Tao Te Ching (Lao Tsé)*
3. Fédon, ou Da Alma (Platão)*
4. Dhammapada (ditado pelo Buda)*
5. Diatribes (Epicteto)**
6. O Livro dos Espíritos (Kardec)
7. O Evangelho de Tomé (achado em Nag Hammadi)*
8. O Caibalion (3 Iniciados)*
9. Ética (Espinosa)
10. Cosmos (Sagan)

Atualizado em 19/12/23

* Edições traduzidas já lançadas pelas Edições Textos para Reflexão. (versão e-book e/ou impressa)
** Recomendo o livro
Epicteto e a Sabedoria Estoica de Jean Joel-duhot, da editora Loyola, e o e-book O Manual para a Vida, das Edições Textos para Reflexão, com nossa tradução de Epicteto.

Veja também: Cronologia das religiões.


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29.7.08

Dentre selvageria e compaixão

After telling you so much,
What do I have,
For my own sake?
For my own cries?
What have I touched,
What have I felt?
Amidst your many faces?
Hidden in thousand lies?

After wondering so much,
What have I seen,
With my own eyes?
By my own words?
What have I learned,
What have I found?
Trapped in years of waiting,
Drowned in phrases and rhymes?

After searching for so long,
What have I cried,
What have I broken?
Unless my troubled self,
Unless my vanity tides?
Surrounded by poems and books,
Amongst savageness and kind.

Untitled poem by Flávia Lopes

***

Depois de ter-lhe revelado tanto,
O que eu tenho,
Para minha causa?
Para meus prantos?
O que eu toquei,
O que eu senti?
Entre suas muitas faces?
Escondidas dentre mil mentiras?

Depois de refletir tanto,
O que eu vi,
Com meus próprios olhos?
Por minhas palavras?
O que eu aprendi,
O que eu encontrei?
Trancafiado em anos de espera,
Afogado em frases e rimas?

Depois de procurar todo esse tempo,
O que eu chorei,
O que eu quebrei?
A não ser meu ser incomodado,
A não ser minhas marés de vaidade?
Envoltas por poemas e livros,
Dentre selvageria e compaixão.

Poema sem título por Flávia Lopes, tradução de Rafael Arrais

***

A conversa (que não houve)

Já se perguntou, amiga, o que aqui fazemos?
Nesse telhado, de frente para o luar,
E os espaços infinitos entre as estrelas,
E os espaços finitos entre todos nós...
Já se perguntou, alguma vez,
O que será que estamos a observar?

Se dias e noites de transeuntes da cidade,
Ou noites e dias de gatos a pular, telha a telha,
Nos lençóis da madrugada.
Onde não existe tempo, não existe idade,
Mas somente a brisa noturna
A acalentar toda alma soturna...

Será que importa o preço do barril?
A nova tendência da moda praia?
O novo artilheiro da varsea?
Será que tudo não passa de uma grande brincadeira?
Ardil de anjos arteiros
Que mesmo nas noites de luar
Gargalham, incontroláveis, até a alegria findar?

E quem cai na armadilha de acreditar
Que somos apenas cidadãos de tal nação,
Trabalhadores orgulhosos de tal corporação,
Fiéis de alguma ou qualquer religião...
Espera sempre pelo céu que há no porvir,
Mas nunca, nunca se prepara,
Para qualquer frustração que há de vir...

Será que existe o telhado?
Será que existe essa conversa?
Será que existem gatos a pular?
Ou, antes de tudo isso,
Existem amigos, e amizades,
Existem seres conscientes de si,
E consciências etéreas, esvoaçantes...
Indetectáveis senão pelo amor, e pela dor,
De observar ao mais belo luar
Sem ter minha amiga para conversar?

raph'08

***

Para Flávia.

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25.7.08

O Rei do Qawwali

Já que estamos falando de música, impossível não lembrar de Nusrath Fateh Ali Khan, provavelmente uma das vozes mais belas da história, que deixou nosso mundo no final do século passado, mas em muitos lugares do mundo dificilmente será esquecido:

Nusrat Fateh Ali Khan - Voice From Heaven Part 1 / Voz do Céu Parte 1 (documentário filmado no Canadá, Índia, Paquistão e EUA; narrado em inglês; está dividio em 7 partes no YouTube).

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22.7.08

De onde vem a música?

A criatividade humana é tema de discussões calorosas mesmo entre neurologistas. A meu ver, no entanto, toda inspiração artística é um misto de estado de espírito condicionado e busca ativa do sublime... Essa banda de rock (?) da Islândia é hoje, talvez, o maior exemplo de que a música pode vir de qualquer lugar, mesmo de um lugar que hoje não conhecemos, ou não compreendemos.

Com vocês, Sigur Rós tocando Hoppípolla em seu DVD Heima:

Starálfur em estúdio, do mesmo DVD:

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21.7.08

O curandeiro e o menino Buda

Os cientistas céticos volta e meia criticam os defensores das teorias espiritualistas por defenderem teses que não podem ser analisadas de modo objetivo, sejam espíritos que "só aparecem em sessões espíritas", ou mesmo médiuns que se recusam a participar de experimentos controlados. Na realidade não é bem assim: existem sim exemplos de casos chamados "paranormais" que podem ser analisados pela ciência, muito embora nenhum cientista se prontifique a estuda-los de maneira séria, talvez por medo de comprovar o que não gostaria de comprovar.

Apenas como exemplos emblemáticos, vamos citar rapidamente dois casos que recentemente foram tema de documentários da Discovery Channel: o médium de cura brasileiro João de Deus, e o garoto do Nepal chamado Ram Bomjan, o Pequeno Buda - No entanto, ainda vivos no planeta, desde yogis a autistas savants, temos centenas de casos que escapam da ciência tradicional, e nem porisso são estudados a fundo pelos tais cientistas céticos... Vale lembrar que, felizmente, nem todo cientista é cético (ou pelo menos cético-fundamentalista, como a maioria dos céticos atuais).

João de Deus

João Teixeira de Farias, o João de Deus, é também conhecido como João de Abadiânia e João Curador. Nasceu em 24 de junho de 1942 em Cachoeira da Fumaça, interior de Goiás. Muito pobre, estudou até o segundo ano primário e em seguida abandonou a escola com o intuito de procurar trabalho e ajudar no sustento dos cinco irmãos.

As manifestações mediúnicas começaram quando ainda era menino. Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, teve início o seu trabalho de cura. Após uma visão embaixo de uma ponte, foi orientado a procurar um centro espírita na cidade. Lá chegando, foi recebido à porta pelo presidente do centro, que disse já estar esperando por ele. João se aproximou e subitamente desmaiou. Ao acordar, ficou sabendo que, incorporado, havia operado e atendido a diversas pessoas. Desde então não parou mais de realizar trabalhos de cura.

João já perdeu a conta de quantas vezes foi acusado e preso pela prática ilegal da medicina. Hoje, ele atende a um sem número de médicos, juízes, delegados e advogados. Tentando escapar da pobreza, João de Deus trabalhou, entre outras coisas, como alfaiate, minerador e também numa olaria. Mora em Anápolis, Goiás, cidade distante 40 km de Abadiânia, onde em 1976 fundou a Casa Dom Inácio de Loyola.

Hoje João é mais conhecido fora do país, e diversos americanos e europeus vem todo ano se tratar com ele. O médium, vale dizer, é católico e não se considera espírita – apesar de realizar intervenções espirituais. Ou seja, seu trabalho, gratuito, se dá independentemente de credos ou religiões.

O que pode ser estudado pela ciência:
Dentre os procedimentos cirúrgicos realizados em sua fazenda, a Casa Dom Inácio de Loyola, todos podem ser vistos, de qualquer ângulo, por qualquer visitante ou estudioso de boa vontade. No documentário da Discovery diversas cirurgias foram filmadas. Abaixo um trecho do artigo da Revista Época:

"As cirurgias podem ser “visíveis” ou não, de acordo com a vontade do paciente. Nas visíveis, os procedimentos mais comuns são a introdução de uma pinça cirúrgica no nariz, a raspagem da retina ou a retirada de tumores com bisturi. Às vezes, João faz simples massagens na região onde o paciente reclama de dor. O médium pergunta, imperativo: “Cadê a dor?” Todos dizem não sentir mais nada. Em alguns casos, ele ordena a pessoas em cadeiras de rodas ou muletas que as abandonem e andem. Em todos os casos presenciados pela reportagem de ÉPOCA, os pacientes saíram claudicando com muita dificuldade. Quando há cortes, ele costura a ferida com agulha e linha, e o paciente vai para uma sala de repouso. Se há sangue no chão, os auxiliares se apressam em limpá-lo com álcool de cozinha. Os instrumentos cirúrgicos não são limpos entre uma operação e outra."

1. Entender como, nesses procedimentos cirúrgicos que envolvem inclusive aberturas na região do estômago, dentre outras, feitos com instrumentos sem assepsia e muitos dos quais sequer adequados a medicina cirúrgica, até hoje ninguém, absolutamente ninguém, pegou sequer uma infecção hospitalar, independente de ter sido curado ou não.
2. Analisar como muitos dos pacientes obtém senão a cura, ao menos uma melhora considerável em seus quadros, visto que a maioria chega lá por ter sido "desenganada" pela medicina tradicional.
3. Estudar como um fazendeiro, ex-minerador e ex-alfaiate, pode fazer cirurgias em condições precárias, procedendo tratamentos efetivos, sem nunca ter estudado absolutamente nada de medicina.
4. Entender como, nas cirurgias sem anestesia, os pacientes praticamente não sentem dor, e há quase que nenhum sangramento mesmo quando tesouras são enfiadas nariz adentro, ou área na região do estômago são abertas.
5. Analisar como uma pessoa "raspando" o olho do paciente com uma faca comum pode ter tamanha precisão à ponto de não ferir o olho e, pelo contrário, efetuar tratamentos de sucesso em relação a cataratas e outras patologias oculares.

Para saber mais sobre João de Deus: Artigo da Revista Trip - Livro lançado recentemente pela editora Pensamento - Vídeos no YouTube - Posts sobre João de Deus neste blog

***

Ram Bomjan, o pequeno Buda

Ram Bahadur Bomjan (Ratanapuri, Nepal, 9 de abril de 1990), também conhecido como Palden Dorje (nome budista), vem recebendo milhares de visitantes e a atenção da mídia por estar meditando durantes meses seguidos sem, aparentemente, consumir alimentos ou água. Bomjon iniciou a sua meditação em 16 de maio de 2005, desapareceu de sua cidade em 11 de março de 2006, reaparecendo em outra localidade do Nepal em 26 de dezembro de 2006. Desapareceu novamente em 8 de março de 2007 até ser encontrado meditando em 26 de março de 2007 por inspetores da polícia em um outro ponto de Ratanapuri.

No documentário da Discovery, eles o filmam meditando ao lado das raízes de uma imensa árvore por 5 dias consecutivos, tempo que acredita-se que o ser humano é capaz de sobreviver sem consumo de água. Além da Discovery comprovar que ele sequer se moveu durante esse período, especialistas em nutrição ficaram pasmos com o fato de que sua pele não ficou ressecada e que, mesmo estando a no máximo 15 graus celsius (e talvez abaixo de zero a noite), por vezes gotas de suor corriam pelo seu rosto.

O que pode ser estudado pela ciência:
Independente da discussão se um adolecente nepalês deve ou não "perder" boa parte de sua infância meditanto imóvel ao relento, aparentemente arriscando sua vida (ao invés de, por exemplo, estudar num colégio), a ciência pode analisar os seguintes fenômenos:

1. Um ser humano pode sobreviver por 5 dias sem consumo de líquido e por até 90 dias sem consumo de alimentos sólidos, como pode o garoto estar a meses sem comer e beber e continuar vivo?
2. Como, nesses condições, a pele de Ram Bomjan continua aparentemente sadia, e mesmo seu corpo aparentemente em um peso sadio, como o de qualquer adolecente normal que se alimenta e pratica exercícios diariamente?
3. Analisar como o garoto pode suar em condições climáticas tão frias.
4. Entender como, ao sair de meses na mesma posição para se locomover a um local mais tranquilo de meditação, ele não precisou de fisioterapia para reaprender a andar.
5. Compreender como ele pode, ao sair de meses de meditação, abrir os olhos e voltar a enxergar normalmente.

Para saber mais sobre Ram Bomjan: Site "oficial" - Biografia (em inglês)

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12.7.08

Bezerra de Menezes: prévia do filme

Realizado com a mais avançada tecnologia digital e finalizado em 35mm, o longa-metragem "Bezerra de Menezes - Médico dos Pobres" fará uma fiel reconstituição de época para representar o Ceará e o Rio de Janeiro do Século XIX. Com cuidadosa pesquisa história de Luciano Klein, biógrafo de Bezerra de Menezes, aliada a extensa pesquisa iconográfica nos acervos mais importantes do país, a vida de Bezerra de Menezes será contada com passagens ficcionais e relatos de pesquisadores de sua vida e obra.

Estréia 29 de Agosto

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Onde começa a ciência e termina a religião?

Este é um dos vídeos mais "religiosos"(*) que conheço... Admiro profundamente Sagan por, apesar de ter sido um dos homens mais céticos e racionais do século passado, ter sido também um dos homens mais maravilhados e absortos pelo que há de transcendental em nosso Universo.

"Recentemente, aventuramo-nos um pouco pelo raso (do Cosmos), talvez com água a cobrir-nos o tornozelo, e essa água nos pareceu convidativa. Alguma parte de nosso ser nos diz que essa é a nossa origem. Desejamos muito retornar, e podemos fazê-lo, pois o Cosmos também está dentro de nós. Somos feitos de matéria estelar, somos uma forma do próprio Cosmos conhecer a si mesmo."
Carl Sagan

É possível encontrar a série toda no YouTube, porém alguns episódios só são encontrados em inglês. Este acima é o primeiro de 13 capítulos.

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(*) Religião, do latim "re-ligare", significa exatamente "religar"... No caso, religar-se com Deus ou com o Cosmos pode significar exatamente a mesma coisa, dependendo da concepção de cada um.

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4.7.08

Curso Básico de Espiritismo

A ADEP - Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal, disponibiliza agora um Curso Básico de Espiritismo através de uma plataforma de e-Learning (ensino à distância, pela Internet) sofisticada. Possibilitando o estudo ao seu ritmo, com acompanhamento de um tutor para orientar e esclarecer dúvidas. É um projeto espírita singular, que arrancou há poucos meses e que sem divulgação conta já com mais de 600 alunos. Foi apresentado oficialmente nas Jornadas de Cultura Espírita, no dia 24 de Maio de 2008. Vídeo de apresentação e inscrições do curso gratuito em:

http://www.adeportugal.org/cbe/

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Absolutamente alto-nível o que mostra no vídeo de apresentação, se você quer estudar espiritismo gratuitamente e numa fonte confiável e estruturada, não perca tempo.

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O ônus da prova

Em se falando de crenças ou terorias conceituais, as pessoas parecem se dividir entre as que tem certezas e as que tem convicções.

As pessoas que tem certezas, ou acreditam ter, acham que a verdade sobre a realidade da Natureza, ou ao menos boa parte dela, já foi esquadrinhada e perfeitamente compreendida e explicada por um livro, um profeta, um alienígena ou mesmo uma "entidade espiritual". Essas pessoas geralmente se acham no direito de "divulgar" essas certezas para os outros, e acreditam que estão com isso fazendo um "grande bem", visto que, na sua opinião, de nada adianta continuar buscando a verdade: ela já foi encontrada e agora precisa ser divulgada a toda humanidade, de preferência o mais breve e insistentemente possível. Em suma, acreditam que sua verdade está provada e não pode ser questionada.

As pessoas que tem convicções, de certo admitem que nem toda verdade sobre a realidade da Natureza foi encontrada; Em realidade, muitas acreditam que compreendemos apenas uma ínfima parte dela. Essas pessoas sabem que, exatamente pela verdade não ter sido totalmente compreendida, não seria sábio nem razoável pretender que suas crenças sejam abraçadas pelo restante da humanidade: melhor esperar que as pessoas se interessem pela crença por si mesmas, antes de ir atrás das pessoas com a promessa de que encontraram para elas a verdade, exatamente porque qualquer promessa desse tipo seria falsa. Ainda que concordem que sua crença possa vir a explicar muito do que ainda não foi compreendido ou comprovado, sabem perfeitamente que absolutamente tudo o que acreditam não está livre de questionamento, e tampouco está provado.

Pois bem, enquanto as primeiras são dogmáticas, essas últimas são antes de tudo, racionais: afinal, sabe-se que o ônus da prova cabe e caberá sempre a quem procura afirmar alguma coisa, e não a quem apenas se recusa e acreditar enquanto nada estiver comprovado.

Ora, e recorrendo a experimentação científica, os cientistas comprovaram que a Terra não é plana, que não está no centro do Universo (que aliás não tem centro definido espacialmente), que orbita o Sol e que essa órbita é constante (não poderia, portanto, parar de um minuto para o outro), que absolutamente toda matéria na Terra é feita da combinação de algumas dúzias de elementos químicos, que as espécies animais evoluem ao longo dos milhões de anos pelo mecanismo da seleção natural, etc. - Entretanto, apesar dos religiosos terem parte da teoria de um Universo criado aparentemente do "nada" comprovada pelo Big Bang, não tem-se comprovado cientificamente a existência de Deus, se ele seria um ser consciente, se existem espíritos, se existem alienígenas visitando a Terra, se existem realmente os chamados "fenômenos paranormais", etc.

Apesar de tudo isso ser definitivamente importante de ser levado em consideração, também vale considerar, da mesma forma, que em lugar algum está escrito que um cientista não possa ser religioso, ou que um religioso não possa ser cientista... Afinal, o próprio estudo do Genoma Humano comprovou que na Terra só existe uma espécie de seres humanos, o homo sapiens, e não vem escrito em seus genes que eles precisam, ao nascer, escolher entre um caminho e outro, excluindo e ignorando totalmente um deles.

A princípio, nada pode comprovar hoje que quem afirme que existem pequenos dragões de Matéria Escura voando pela noite em uma dada cidade esteja equivocado: não se pode detectar a Matéria Escura, e mesmo que se pudesse, talvez ao fazer as medições na cidade em questão os dragões tenham se mudado para uma outra, e será difícil comprovar se existem, mas da mesma forma será imposível comprovar que não existem.

Portanto, há que se baixar a guarda, desfazer os nós, e admitir: "em princípio, toda crença tem sua chance de estar absolutamente correta, por mais improvável que possa parecer a primeira vista"... Até porque, foi exatamente com essa abordagem que os gênios da ciência observaram o que ninguém havia se arriscado a observar na Natureza, e dessa forma, nos ombros de gigantes, um seguido do outro, mudaram a nossa forma de ver o mundo, por mais religioso que cada um de nós possa ser.

Há que se tentar analisar a crença de cada um, e se for o caso de fazer julgamentos, julgar antes de tudo as consequências morais de cada crença: se um religioso pratica a caridade, a abnegação, o auto-conhecimento, a crença em um futuro melhor para a humanidade, construído de preferência pela própria humanidade em conjunto, e não por um Deus Ex-Machina no Fim dos Tempos, não importa se os motivos de suas boas ações se baseiam num Manual da Verdade Absoluta, na Mensagem Divina de um Profeta ou mesmo na Instrução de Espíritos de Luz, o que importa são suas obras e não suas crenças.

Da mesma forma, se um religioso encontra em sua crença razão para crer que existem castas de seres humanos, uns evoluídos e outros nem tanto, uns programados por Deus para serem portadores de toda a verdade, e outros portadores de todo mal; Ou ainda que use de sua crença para afirmar que este ou aquele será condenado, este ou aquele será salvo, que este ou aquele tem alma, e este ou aquele é apenas um "construto de Deus" para nos servir, e finalmente, se através de sua crença nega veementemente o que a ciência já comprovou em experimentações, e se acha no direito de tentar afastar as pessoas do "mal do conhecimento", da mesma forma, julguemo-os pelas suas obras, e não pelas suas crenças.

Ninguém de certo conhece toda a verdade do mundo, mas em nossa consciência trouxemos, ou nos foi dado, o bom senso. Apesar de tudo, acredito que ele ainda é, e sempre será, o nosso melhor guia em meio ao aparente caos de crenças que nos parecem inóspitas, julgamentos que nos parecem precipitados, e seres humanos que nada vêem e nada sentem.

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3.7.08

Respeitar as diferenças

Existem aqueles que crêem em um Criador
Que seguem a um dogma, uma doutrina;
Existem os que crêem em diversos pontos de vista
E os que seguem apenas um único manual
Da Verdade Absoluta

De certo existem os que não crêem em nada
Ou pelo menos gostam de pensar assim;
E os que esperam pelos Observadores da Natureza
A desvendar para eles uma realidade
Que se sentem incapazes de desvendar por si mesmos

Existem os que atacam a crença alheia
Para reafirmar a sua própria descrença,
E antecipam o Julgamento que era marcado
Para o Fim dos Tempos;
E existem os que respeitam toda crença,
Por estarem seguros da sua própria
E não crerem nessa tal Infabilidade Derradeira

De certo, o que existe, são seres humanos
Que convergem e divergem, observam e rejeitam
São compassivos, violentos, sábios, ignorantes...
Mas a História tratou de nos mostrar
Os bons exemplos

Será que não seria melhor segui-los?
Reunindo-nos todos no Jardim de Epicuro,
Acomodados numa mesquita de Al-Andalus,
Ou em algum salão de Alexandria;
Não para resolver, mas antes, para dialogar...
E dialogando, dias e noites,
E noites e dias, quem sabe...
Talvez aprender enfim
A respeitar as diferenças?

Raph'08

*

Eu creio que, apesar da diversidade de crenças, todos defendem uma conduta ética, uma moral equilibrada, e um sentimento de amor harmonioso, para todos os que aqui estão vivendo... Todos vizinhos, todos irmãos, todos sagrados, independentemente da crença de cada um: existir é sagrado, conviver é sagrado, pensar é sagrado. E, se existe um Deus, ele não poderia desejar outra conduta de nós que aqui estamos.

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